A Fortaleza Escondida | Indicação da Semana



Konbanwa! Acho que, assim como boa parte das pessoas, sou alguém que prefere os filmes blockbusters por um motivo no mínimo razoável: eles são simples, dinâmicos dentro do possível e não importa a mensagem que queiram transmitir, o objetivo principal é o entretenimento puro e simples. Claro que isso não me faz deixar de ter vontade de conhecer outras formas de fazer cinema, e nesse caso foi a vez de me aventurar pelas produções clássicas japonesas.

Dessa vez não iremos tão fundo, falaremos sobre uma aventura bem bacana que inspirou um dos maiores – senão o maior – clássico de nossa cultura pop! Entenda porque vale a pena assistir A Fortaleza Escondida.

Sem querer, uma aventura




Começamos nossa história conhecendo os camponeses Tahei e Matashichi. Esfarrapados e desmazelados por conta da guerra, os dois tentam conseguir ouro na esperança de voltar para suas casas com alguma riqueza, por menor que seja. Na tentativa de conseguir esses trocados, eles resolvem encarar a missão de entregar a princesa Yuki, uma das últimas sobreviventes do clã Akizuki, às autoridades de Yamada, o clã rival. Enquanto acampam, são seguidos por Rokurota Makabe, general de Akizuki que, ciente de sua ganância, os “contrata” para levar 200 peças de ouro até a cidade de Hayakawa. Sem saber, a dupla fazia parte de um disfarce para levar a princesa Yuki por entre as linhas inimigas até Hayakawa onde, com o que restou da fortuna, ela poderia reconstruir seu exército novamente e reerguer o clã Akizuki.

Clássico inspira clássico




Não foi à toa que este filme inspirou George Lucas em sua maior obra. Sempre cômicos e em situações bastante curiosas, Tahei (Minoru Chiaki) e Matashichi (Kamatari Fujiwara) conduzem o filme com um tom humorístico na medida certa. É impossível não rir uma vez sequer das trapalhadas dessa dupla desastrada que se mete em altas confusões, à lá Sessão da Tarde. Baseada nessa dupla tão brilhante, o criador de Star Wars concebeu dois dos personagens mais carismáticos de sua saga: R2-D2 e C3PO!

Primor de atuação




O ator nipo-chinês Toshiro Mifune é reconhecido como um dos grandes talentos da indústria cinematográfica nipônica. Em algum momento você já deve ter ouvido falar sobre filmes estrelados por ele, como Os Sete Samurais (1954) e Shogun (1980). Em The Hidden Fortress sua atuação merece destaque, interpretando Rokurota Makabe, o general do clã derrotado de Akizuki, um servo benevolente e preocupado com a segurança de sua alteza ao mesmo tempo em que é o chefe autoritário e explorador dos dois maltrapilhos obcecados pela cobiça.

Outro ritmo




Filmes com mais de 90 minutos normalmente sofrem certo preconceito por parte de boa parcela do público, e muito se dá pela falta de paciência de quem assiste. No caso do cinema japonês ainda há o agravante de que as coisas possuem um outro ritmo, talvez mais arrastado, embora eu diria mais paciente. A batalha de lanças entre Rokurota Makabe e o general Hyoe Tadokoro (Susuma Fujita), embora evoque alguma tensão, é baseada em estudo e estratégia, ou seja, nada de ataques rápidos e frenéticos – trocando em miúdos, é muito diferente das batalha que acontecem nos animes. Outras vezes a sensação é de que não se sabe onde o filme vai parar, com uma cena que aparentemente não chega em lugar nenhum, por melhor que seja.

E o resultado disso tudo?


Nem foi tanto assim, princesa...

Existem três condições certeiras para se gostar desse filme: ser um cinéfilo digno de calçar tênis verde, ser apaixonado pela cultura oriental e sua forma de arte ou ser alguém que realmente curte experimentar coisas diferentes. Caso o leitor não se enquadre em nenhuma dessas categorias, fico feliz por este texto conseguir despertar sua curiosidade acerca deste clássico oriental, que para mim foi uma experiência surpreendente e muito divertida de ver. Espero que seja para você também!

Sayonara!