Eyeshield 21 | Super Review



Por Miguel Augusto

Antes de tudo, confesso que sou uma pessoa ávida por animes de esporte. Não seria injusto dizer que essa fascinação começou por Super Campeões (Captain Tsubasa). Cativou-me bastante a mistura da emoção do esporte com a linguagem fantasiosa que só um mangá ou um anime podem passar. Chutes e passes podendo ser interpretados figurativamente como técnicas mágicas ou golpes dos animes de luta clássicos, tudo isso me parecia uma ideia perfeita.

Ao mesmo tempo, recentemente nasceu em mim uma paixonite por um esporte que vem crescendo em popularidade no Brasil e no mundo: o futebol americano. Antes, sempre considerei essa febre algo “modinha” (o que não deixa de ser) e via a crescente com um olhar esnobe e ignorante, até que, quase acidentalmente, parei para assistir um jogo dos playoffs da NFL, entre o (hoje meu time) Denver Broncos e o Pittsburgh Steelers. Jogaço que foi decidido apenas na prorrogação, com a vitória dos donos da casa, o Broncos, apoiado por uma maré laranja.

Recentemente, ao assistir mais um dos jogos do meu time, deparei-me com uma ideia óbvia: será se existe um anime sobre futebol americano? Pesquisei no Google e a escolha parecia óbvia nos fóruns da vida. Eyeshield 21 era, disparado o mais indicado e mencionado. Fui no Wikipédia, descobri que tinha 145 episódios e comecei minhas pequenas maratonas noturnas.


Claramente inspirado em Captain Tubasa, algo que fica evidente já no primeiro episódio, o anime gira em torno do jovem baixinho Kobayakawa Sena (que possui esse nome em homenagem ao falecido piloto brasileiro de F1). Ele é um novato na escola de ensino médio de Deimon e entra junto com sua amiga superprotetora, Mamori Anezaki. Logo, Sena acaba caindo de paraquedas no time de futebol americano ainda em construção da escola, o Deimon Devil Bats, time liderado pelo diabólico quarterback, Yoichi Hiruma.

Hiruma descobre em Sena um potencial running back (jogador que pega a bola nas mãos do quarterback e corre com ela para a primeira descida), quando o observa escapando dos bullies que queriam atormentá-lo. Sena adquiriu uma velocidade impressionante e habilidade de se desvencilhar de obstáculos por anos de experiência em fugir dos valentões no colégio. Acontece que: Mamori, por ser superprotetora e não confiar (com razão) em Hiruma, jamais permitiria que o garoto ingressasse no clube de futebol, então para enganá-la, o quarterback inscreve Sena como secretário do time e, ao mesmo tempo, apresenta à escola um jogador misterioso, que batizou de Eyeshield 21, que tem sua identidade escondida pela viseira escura do capacete.

A partir daí, somos apresentados aos principais rivais do Deimon Devil Bats, o time do Oujou White Knights, que possui em sua defesa aquele que seria o principal oponente de Sena, o implacável Seijuro Shin. Lógico que os Bats apanham feio no começo e aos poucos, com o decorrer do anime, o time vai se completando com melhores jogadores em cada posição e vai melhorando em conjunto, até formarem uma equipe competitiva, cujo o maior objetivo é chegar até o Christmas Bowl, que seria uma espécie de Super Bowl japonês para torneios colegiais. Esse objetivo fica ainda mais importante, pois este é o último ano dos jogadores mais velhos do time no colégio, como o próprio Hiruma, além do mais afetuoso personagem do anime, o linebacker Ryokan Kurita.



As regras do jogo são bem didáticas, fazendo com que eu inclusive aprendesse algumas coisas do esporte americano que eu não tinha ideia. Nada parece forçado e é muito orgânico no decorrer dos episódios. Os jogos em si, são bem emocionantes, com aquela característica típica de animes de esporte que falei no começo, mas sem muitos dos exageros de Captain Tsubasa. Com o passar do tempo, você vai criando mais afeição com os personagens e torce de verdade para o time, sendo inclusive uma surpresa vários dos resultados que ocorrem. O Deimon Devil Bats, mesmo após longos treinamentos e evolução, fica longe de ser um time imbatível. Tudo pode acontecer.

A qualidade da animação é boa, mas não excepcional. O tipo que se espera de uma produção semanal constante, que não foi dividida em temporadas pequenas. Fica o destaque para o personagem do Hiruma, que por todo o anime é retratado com orelhas pontudas e dentes afiados, sempre com uma expressão infernal e carregando os mais diversos tipos de armas de fogo.


Resta lamentar que o final do anime e mangá seja tão abrupto. Apesar de ter sido um campeão de vendas, o mangá Eyeshield 21, criado por Riichiro Inagaki e Yusuke Murata, claramente foi cancelado às pressas. Tendo uma conclusão bem decepcionante, resta apenas aproveitar a jornada que pôde ser feita até então. O anime/mangá não fica exatamente sem final, mas fica bem a desejar, pelo emprego emocional de quem esteve consumindo aquela história até então.