Konnichiwa!
Mangás de volume único carregam um dilema: ou já nascem encantadores ou fracassam e ficam para sempre no esquecimento, pois nunca haverá um volume dois para recuperar a história. Eu, pessoalmente, prefiro este tipo de publicação por ser uma história rápida e fechada. E se você se dispuser a prestar atenção a cada detalhe do traço, às nuances do enredo e da trama que está ali sendo desenvolvida, o aprofundamento será tanto que garanto que haverá umas boas horas de diversão.
Foi com esse propósito que li uma publicação com a qual não estava muito animado no começo e que, entretanto, me deixou surpreendentemente emocionado! Venha comigo nesta aventura sensacional e descubra a fascinante história de Tom Sawyer!
Sessão Da Tarde
Essa comparação talvez faça mais sentido para quem é da minha época ou mais velho, e se lembra daqueles filmes infantis de aventuras de férias de verão e que sempre envolvia algum laço de afeto entre os protagonistas – não um romance, mas sim aquela amizade que para eles parecia inesperada e improvável. É o que acontece com Haru ao retornar à sua cidade natal para o funeral de sua mãe e conhecer Taro, um garoto simples e pobre da vizinhança que, sem saber, a faria mudar de uma forma ou de outra. Se algum dia o leitor aqui já se pegou vibrando com uma dessas aventuras, com certeza vai ser pego de jeito por esta obra.
Simplicidade é a chave
Não são necessários roteiros rebuscados ou uma arte primorosa e detalhista para encantar um leitor, principalmente se este estiver afim mesmo de uma história bem contada. E esse trabalho Shin Takahashi faz muito bem. Apesar do talento para desenhar belos cenários – e digamos que alguns quadrinhos são realmente bem impressionantes –, o desenho dos personagens é bem simples no geral. Também não há tramas megacomplexas, milhares de envolvimentos e detalhes de roteiro para deixar quem está acompanhando com dor de cabeça de tanto pensar. Há talvez aquele plot twist básico para pegar o leitor desprevenido e deixá-lo surpreso, mas fora isso a ideia é captar a atenção de quem está nessa aventura pela emoção.
Nó na garganta
Pois é aqui que Tom Sawyer brilha. Honestamente não conheço a obra original de Mark Twain, fonte inspiradora do mangá, mas me pergunto se o autor original conseguiu despejar tamanha carga emocional quanto Shin fez em sua obra. Ao virar a última página, os mais sensíveis e propensos a chorar podem terminar com os olhos cheios de lágrimas, fora aquela sensação triste de voltar à realidade após acabar a leitura, tamanha é a imersão e o envolvimento que se tem com a história e o carisma que Haru, Taro e os demais personagens transmitem, a ponto de você se importar e se preocupar com o destino de cada um deles e ainda imaginar o que será daqui para frente ao chegar ao último quadrinho...
Então...?
Se você tem um espacinho especial para clássicos em sua estante, prateleira ou seja lá onde mais você guarde os mangás, reserve um lugar para Tom Sawyer, pois poucas histórias proporcionam uma experiência em leitura tão intensa, radical e profunda quanto esta. Seja aos poucos ou tudo de uma vez (como eu fiz de tão empolgado que estava), poucos conseguem ser tão magníficos em um único volume quanto este. Recomendadíssimo!
Ficha Técnica
Autor: Shin Takahashi
Total de edições: volume único
Formato: 13,5 cm X 20,5 cm
Páginas: 370 páginas + 08 coloridas
Classificação etária: 14 anos
Sayonara!
